Nas investigações que realizei na Madeira, ao longo da última década, encontrei um extenso repertório de danças e foi-me possível observar que estas ocuparam um lugar de destaque no repertório musical madeirense dos séculos XIX e XX. O repertório denota a influência de danças europeias mas, no princípio do século XX, começam igualmente a surgir danças de origem americana. Parte relevante dos tipos de danças observados é comum a outras regiões e países do espaço atlântico – tais como os Açores, Cabo Verde ou o Brasil – e também a outros países europeus.
Tendo ficado sensibilizado para a grande importância das danças na Madeira, comecei, em conversas com o amigo de sempre Rui Camacho, a sonhar com um projeto em que pudesse organizar um concerto-baile: um evento em que eu tocasse composições em contexto de sala de concerto, acompanhadas, simultaneamente, por danças. De forma algo inesperada para mim, em 2015, a Associação Retoiça, através do músico Filipe Teixeira, convidou-me para tocar na temporada 2015-16 de “Música nas Capelas”, na Ponta do Sol, tendo este convite servido de impulso para realizar um conjunto de arranjos e composições originais. Como considerei ser difícil atuar a solo ao braguinha, convidei os músicos e amigos Rui Camacho (percussão e flauta) e João Viveiros (viola), que aceitaram formar comigo o trio Velha Guarda e com os quais viria a atuar na referida temporada de concertos. Assim, foi a pensar neste trio que realizei oito dos dez arranjos que integram este livro 10 Danças para Braguinha, o que demonstra a importância do convite da Associação Retoiça para o nascimento desta publicação. Assim, é obrigatório expressar aqui a minha gratidão ao Filipe Teixeira, ao Rui Camacho e ao João Viveiros, que foram os alicerces que me permitiram a composição e os arranjos das danças presentes nesta edição.
O grupo Danças em Transição (Madeira) teve também um papel essencial neste livro e estou especialmente agradecido à Isabel Macedo Pinto, pelo apoio e simpatia com que participou no concerto-baile realizado na Ponta do Sol. Quatro das danças tradicionais que constituem este livro – “Troika”, da Rússia; “Ma Navu”, de Israel; “Jiga”, da Irlanda; e uma “Valsa” francesa – fazem parte do repertório habitual deste grupo. Eu apenas tive o papel de as adaptar, fazendo os arranjos para braguinha, criando uma ou outra melodia e acrescentando um ou outro acorde ao meu gosto.
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